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Anísio Santiago (1912-2002). |
O blog História de Salinas não poderia deixar passar em branco a data de nascimento de Anísio Santiago que se comemora no dia 12 de fevereiro, tido como o mais emblemático produtor da história da cachaça brasileira. A história de vida do lendário produtor da cachaça Havana & Anísio Santiago - reconhecida ícone da mais legítima bebida brasileira: a cachaça - é interessante sob todos os aspectos. Em vida foi uma lenda tal o respeito e admiração pela cachaça que produzia. Mesmo após sua morte em 2002, o seu legado continua. Pode-se afirmar que a história da cachaça brasileira se refere a antes e depois de Anísio Santiago.
Por Roberto Carlos Morais Santiago
Se estivesse vivo Anísio Santiago faria 106 anos de vida no dia 12 de fevereiro de 2018. A data é digna de registro e comemoração, pois se trata de um dos personagens mais importantes da história de Salinas e do universo da cachaça no Brasil.
A trajetória de vida de Anísio Santiago transcendeu os limites de sua amada terra. Com seu jeito peculiar de simplicidade soube forjar marca de cachaça: a Havana & Anísio Santiago, cujo método de produção e envelhecimento, ainda mantido pelos seus sucessores, é referência em todo o país. Pode-se afirmar, sem margem de dúvida, que Anísio Santiago é o maior personagem da história da cachaça brasileira. É praticamente impossível discutir o assunto cachaça sem tecer o seu nome e o seu legado.
A família Santiago surgiu no município norte-mineiro de Salinas no ano de 1898, final do século XIX, através do pioneiro José Santiago (1873-1944). Filho de Justino Santiago e Anna Maria de Jesus, nasceu na cidade mineira de Diamantina, localizada no Alto Jequitinhonha.
Ainda jovem, em 1894, José Santiago foi estudar medicina em Salvador. Por razões desconhecidas desistiu do curso no segundo ano. Segundo Arlindo Santiago (1909-2011), filho de José Santiago, o motivo da desistência foi a Guerra de Canudos (1896-1897), ocorrida no interior da Bahia, que mobilizou milhares de soldados do governo federal para combater o temido Antônio Conselheiro. Em dois anos de conflito milhares de pessoas morreram.
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Anísio Santiago. |
Retornando para Minas Gerais, José Santiago foi morar e trabalhar como professor na cidade de Medina, no Vale do Jequitinhonha. Ali conheceu a baiana Virginia Celestina (1882-1965), natural de Urandi, com quem se casou em 1896.
Em 1898, mudou-se com a esposa para Salinas, também para trabalhar como professor, embora não se tenha registro em qual escolar. A convite de um amigo foi lecionar no povoado de Lagoinha, zona rural do município, isso no ano de 1900.
O povoado de Lagoinha, naquela época, tinha importância estratégica tendo em vista que era parada obrigatória de pessoas e transportadores de mercadorias em mulas entre Salinas e Montes Claros.
Em 1903 adquiriu a fazenda Bonfim, próxima ao povoado, onde fixou moradia, tornando-se produtor rural, além de professor. José Santiago tornou-se pessoa muito assediada na região pelo fato de ter conhecimento de medicina, além de ser professor. Em pouco tempo tornou-se uma espécie de líder do povoado de Lagoinha e região.
Da união de José Santiago e Virginia Celestina surgiu prole numerosa, fato muito comum na estrutura familiar do início do século XX. Foram doze filhos: Antônio Santiago (1897-1950), Maria Santiago (1899-1953), Leôncio Santiago (1901-1945), Silvio Santiago (1912-1986), Santinha Santiago (1908-2001), Arlindo Santiago (1909-2011), Anísio Santiago (1912-2002), José Elzito Santiago (1915-1945), Anita Santiago (1913), Osvaldina Santiago (1917) e Osvaldir Santiago (1919-2007). Dos doze filhos, somente o primogênito Antônio Santiago nasceu em Medina, sendo que os demais em Salinas.
José Santiago veio a falecer em 1944, aos sessenta e sete anos e a sua esposa, Virginia Celestina, em 1965, aos oitenta e três anos. Foram precursores da família Santiago em Salinas, cujo tronco da árvore genealógica tem origem na região de Diamantina.
Da prole numerosa de José Santiago o destino reservou ao sétimo filho, Anísio Santiago, trajetória de vida que o tornaria parte da história de Salinas. Nasceu no dia 2 de fevereiro de 1912, na fazenda Bonfim, zona rural de Salinas. Ali cresceu e viveu sua infância e adolescência ao lado dos pais e irmãos.
Aos doze anos de idade, escondido do pai, experimentou beber cachaça pela primeira vez. Não gostou. Desde então jamais bebeu cachaça em toda a sua vida. Entretanto, quis o destino que a cachaça tivesse importância fundamental em sua vida.
O jovem Anísio Santiago aprendeu vários ofícios. Foi carpinteiro, tropeiro, comerciante, motorista e fazendeiro. Como tropeiro transportou mercadorias em mulas entre Salinas e Montes Claros na década de 1930.
De tropeiro tornou-se motorista de um Ford F-8, que adquiriu no final da década de 1930. Foi um dos primeiros motoristas da região de Salinas e foi testemunha ocular da modernidade que aos poucos chegava através das estradas empoeiradas e esburacadas.
Em 1937, aos 25 anos, se casou com Adélia Mendes (1916-2007), então com 21 anos de idade. Deixou o povoado de Lagoinha e fixou residência na cidade de Salinas, onde continuou a exercer as atividades de comerciante e motorista.
Alguns anos depois, em 1942, comprou a fazenda Havana que pertencia a viúva de João Soares, Maria Virgínia Soares, localizada no sopé da Serra dos Bois, distante cerca de doze quilômetros da sede do município. Para lá mudou com a esposa no ano seguinte. Iniciava-se nova fase na vida do então jovem Anísio Santiago.
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Fazenda Havana. |
Em 1943, estabelecido definitivamente na fazenda Havana, iniciou produção de cachaça em pequeno pequeno alambique que já existia na fazenda dos antigos proprietários. Em pouco tempo a produção de cachaça se tornou na principal atividade econômica. A produção era vendida a granel. Somente em 1946 constituiu empresa e passa a identificar seu produto através da marca Havana, reconhecida como pioneira na região de Salinas. Até então os produtores do município e região produziam e vendiam cachaça a granel aos comerciantes e tropeiros da região desde o final do século XIX.
Em 1947, em parceria com o irmão Sílvio Santiago e o amigo Aníbal Gonçalves das Neves, comprou caminhão Chevrolet Lordmaster, importado dos Estados Unidos. Ele próprio foi ao Rio de Janeiro buscar o veículo. A viagem durou seis dias. Logo comprou as partes do irmão e do amigo Aníbal. Com o caminhão comercializava sua cachaça em Salinas, região norte-mineira e sul da Bahia. Como produzia cachaça de qualidade logo foi adquirindo fama junto ao consumidor. O fato de ser conhecido por onde passava, uma vez que fora tropeiro e motorista de caminhão a partir da década de 1930, facilitava o comércio de seu produto com a entrega "in loco". Este fato não acontecia com outros produtores de Salinas.
Anísio Santiago teve dois fatores decisivos na divulgação do seu produto: a marca Havana (pioneira na região de Salinas) e o caminhão que transportava a bebida diretamente ao consumidor. Com isso saiu na frente dos produtores que comercializam o seu produto a granel. Na década de 1960, vários produtores de Salinas começaram a identificar o seu produto por meio de marcas, de olho no sucesso da cachaça de Anísio Santiago. Viam nele uma referência no processo de produção de cachaça de qualidade, uma vez que a marca Havana tinha grande aceitação na região e a sua fama estava ultrapassando fronteiras. Em função disso logo surgiram várias marcas como a Piragibana, do produtor Ney Corrêa; a Indaiazinha, do produtor Waldete Romualdo; a Seleta, do produtor Miguelzinho de Almeida; a Teixeirinha, do produtor Felismino Teixeira; a Asa Branca, do produtor Juventino Queiroz; a Sabiá, do produtor Juca Marcolino; a Estrela do Norte, do produtor Purdêncio Francisco dos Santos; e a Pulusinha, do produtor Narciso Dias Corrêia., dentre ouras.
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Rótulo antigo da cachaça Havana. |
Outro fator determinante que favoreceu o surgimento de novas marcas em Salinas foi a decadência da cadeia produtiva de cachaça na região de Januária na década de 1960, em razão de ação gananciosa dos produtores que não souberam manter a qualidade e tradição da cachaça ali produzida. Até então as marcas de Januária gozavam de alto conceito junto ao consumidor na região norte-mineira e em todo o Brasil.
Com isso, Salinas foi aos poucos preenchendo lacuna no mercado de cachaça deixado pelos produtores de Januária. Na década de 1970, Salinas foi se impondo regionalmente como grande produtora de cachaça. O clima, solo e a variedade de cana Java, que se adaptou muito bem ao clima da região, foram fatores decisivos em todo o processo.
Na década de 1990, a cachaça de Salinas passou por novo e vigoroso processo de expansão da produção, culminando no aumento significativo de marcas em função da implantação do Pró-Cachaça, pelo governo mineiro, em 1992, visando estimular o aprimoramento da cachaça artesanal mineira. E deu certo. O Pró-Cachaça, em pouco tempo, revolucionou toda a estrutura da cadeia produtiva da cachaça artesanal produzida em todo o território mineiro, e em Salinas não foi diferente.
Atualmente existem mais de 50 marcas de cachaça produzidas no município. A produção anual já ultrapassa quatro milhões de litros por safra. Tornou-se na importante região produtora de cachaça artesanal de Minas Gerais e do Brasil. Em 2006, foi responsável por 45,87% de toda a arrecadação de ICMS, imposto de circulação de mercadorias e serviços de competência estadual, em todo o território mineiro. O processo de diversificação da economia brasileira ao longo nas últimas décadas vem forjando e incrementando atividades econômicas de produtos típicos da cultura do Brasil no mercado com forte impacto nas economias locais. Salinas encontrou no agronegócio da cachaça uma atividade econômica que vem mudando o perfil de toda a sua economia, contribuindo para o seu desenvolvimento sócio-econômico.
Reconhecendo a cachaça como importante atividade econômica e cultural do município, o prefeito de Salinas, José Antônio Prates, assinou Decreto Municipal nº. 3.728/2006, reconhecendo a marca Havana como ícone da cachaça salinense com o título de Patrimônio Cultural Imaterial de Salinas em face de sua reconhecida história, qualidade e notoriedade no mercado brasileiro e no exterior. Por meio do decreto, fato inédito no Brasil, o poder executivo municipal reconheceu o feito espetacular do produtor Anísio Santiago.
Anísio Santiago foi empresário local que conquistou o mundo não por altas cifras em faturamento e sim pela excelência de qualidade de um produto que foi e continua sendo concebido por método de produção ainda não decifrado pelos produtores de Salinas e de outras regiões de Minas Gerais e do Brasil. O segredo é guardado pelos filhos que vem mantendo o processo de produção pelo mesmo método de origem. Anísio Santiago ultrapassou a barreira de empresário rural norte-mineiro que deu certo. Mais que isso, se tornou no símbolo de bebida que faz parte da história brasileira desde o século XVI, na década de 1530, quando o português Martin Afonso de Souza construiu engenhos na Capitania de São Vicente para a produção de açúcar e cachaça.
A Fazenda Havana, onde é produzida a bebida, se tornou em espécie de reduto sagrado do universo da cachaça brasileira ao longo das últimas décadas. O jornalista paulista Sidnei Maschio diz que “Em vários lugares ao redor do mundo, as visitas exigem mesmo um ritual específico, coerente com a sacralidade que eles encerram. A Fazenda Havana está nessa lista. A propriedade poderia ser comparada a um templo, pelo papel na recuperação e na divulgação das melhores qualidades da bebida genuinamente brasileira. O universo da cachaça tem duas histórias distintas, uma antes e outra depois da Havana”.
Anísio Santiago em vida foi uma lenda. Transformou-se no maior ícone da história da cachaça brasileira. É impossível falar ou escrever sobre cachaça sem tecer comentário ao seu nome e ao seu feito. Recentemente tem sido lançado vários livros sobre a cachaça brasileira por várias autores. Todos tecem comentários ao seu feito (ver referência bibliográfica abaixo).
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Osvaldo Santiago, encimado pelo retrato de
casamento dos pais na fazenda
Havana, um dos sucessores na produção da
cachaças Havana e Anísio Santiago. |
O escritor e publicitário Renato Figueiredo, em seu livro "Estava no seu nariz, mas você não viu: descubra por que a cachaça brasileira pode ser muito mais suave e saborosa do que você imagina" (São José dos Campos, edição do Autor, 2011, págs. 87-88), faz a seguinte observação sobre Anísio Santiago:
"Até hoje o mito da Havana sobrevive, e é sonho de muita gente que respeita e admira a bebida. Não é difícil perceber que essa humildade de Anísio Santiago ter sido também uma das grandes responsáveis pelo destaque excepcional da marca. Surpreendia o fato de aguardar 10 anos para vender sua bebida, surpreendia o fato de que, mesmo com a fama, ele se conservava reservado e da mesma forma como sempre foi (...). Fato interessante é que a vitoriosa sem mantém até hoje com suas mesmas raízes de humildade, sendo produzida na mesma fazenda de outrora - desta vez pelos filhos e netos do produtor que fez sua fama. Enquanto isso, espalhados pelo mundo, histórias e produtos com inícios parecidos tiveram finais um pouco diferentes. Café, doce de leite, chocolates e até outras bebidas e produtos artesanais hoje viraram mercadoria sofisticada, objetos de estratégia de marketing e revista de luxo, e são vendidos nas melhores boutiques e nos melhores locais. E a Havana-Anísio Santiago também está lá com eles, só que com a mesma embalagem, sem campanhas de marketing nem pirotecnias publicitárias - mas com o mesmo valor de sempre."
Mesmo após a sua morte em 2002 ainda desperta curiosidade em muitas pessoas. Muito ainda se fala e escreve a seu respeito e do legado que deixou. Deixou grande lição de vida e demonstrou que é possível crescer e construir uma vida respeitável e obter a admiração de todos. Sempre permaneceu fiel aos seus ideais e princípios que acreditou serem verdadeiros.
Para o cachacier Maurício Maia, o centenário de Anísio Santiago é digno de registro e memória. Segundo o cachacier "São poucos os produtores de cachaça no Brasil que conseguem manter a tradição e a qualidade que sempre marcaram as cachaças que ele produzia sem fazer concessões para o mercado e as tentações de aumentar o volume de produção em detrimento da qualidade."
Na opinião do advogado da família de Anísio Santiago, Dr. Cláudio Luiz Gonçalves de Souza, responsável pela espetacular vitória na justiça federal pelo retorno da marca Havana, a data comemorativa de centenário de nascimento de Anísio Santiago "É digna de registro e, por sua vez, deve ser eternizado como o exemplo de um homem, cidadão brasileiro que, com seu trabalho. conseguiu demarcar uma região do país, por vezes esquecida, representada pela cidade de Salinas e localidades em seu entorno, como o berço da produção da melhor cachaça do país". Acrescenta ainda que o legado de Anísio Santiago "Permanece e, por certo, permanecerá; uma vez que seu trabalho pioneiro, realizado ao longo de várias décadas de forma incansável e com muita tenacidade fez toda uma região se tornar referência na produção de cachaça de qualidade a partir da cachaça Havana".
A seguir, vários depoimentos de degustadores e especialistas sobre o feito de Anísio Santiago.
Depoimentos
“Historicamente, Anísio Santiago trouxe para Salinas fama e prestígio através da Havana. Soube valorizar a qualidade e agregar valor ao produto em mais de sete décadas de produção.”
(JOSÉ ANTÔNIO PRATES, prefeito de Salinas).
“Os filhos e netos de Anísio Santiago estão conscientes da responsabilidade de manter a tradição e o padrão de qualidade adquirido em décadas de produção da cachaça Havana-Anísio Santiago. A família tem um compromisso moral que não abrimos mão.”
(OSVALDO MENDES SANTIAGO, filho de Anísio Santiago e atual sucessor na produção da Cachaça Havana-Anísio Santiago).
“A fama da Havana atraiu para Salinas a atenção do Brasil e do mundo. A capital da cachaça tem o dever de reconhecer o seu maior benfeitor.”
(ISRAEL PINHEIRO, político, político e filho do ex-governador Israel Pinheiro).
“Anísio Santiago escreveu uma grande história e se tornou uma lenda. Mas há muito mais por trás da saga da produção da cachaça Havana – Anísio Santiago. Para mim uma garrafa de Havana guarda muito mais que uma bebida rara, ela preserva história, memórias e lembranças. Na Fazenda Havana não é produzida apenas uma cachaça. É destilado um sonho, a realização e a perpetuação de um sonho muito antigo”.
(JANE SALDANHA, jornalista).
“Anísio Santiago é exemplo para produtores e comerciantes de cachaça do Brasil, pois representa valorização da qualidade da cachaça brasileira.”
(OSWALDO BERNADINO JÚNIOR, empresário no ramo de bebidas, dono da Distribuidora Savana).
“Anísio Santiago é uma lenda para nós. Do reconhecimento efetivo da Havana soube manter espírito investigativo e inovador na produção de cachaça, não se deixando deslumbrar pelo lucro que poderia ter.”
(JOSÉ BONIFÁCIO DOS SANTOS, presidente da Confraria Clube da Cachaça de Brasília – DF).
“Se cachaça fosse carro, a Havana seria uma Ferrari.”
"Há muitos anos que vários produtores se pautam pela Havana-Anísio Santiago para atingir um mais alto patamar de qualidade. Mas o mito da cachaça havana-Anísio Santiago é que confere à marca o status de ícone da cachaça brasileira."
(MAURÍCIO MAIA, cachacier e chef de cozinha. É autor do blog O Cachacier).
“Pesquisar sobre a cachaça de Salinas, nos últimos cinqüenta anos, forçosamente incluirá a pesquisa da marca Havana. Discorrer sobre essa marca, cuja trajetória é assentada na simplicidade e no capricho quase obsessivo de seu proprietário em manter, ao longo de várias décadas, um elevado padrão de qualidade, invariavelmente requer que se teçam comentários sobre quem a idealizou, cuidou e a construiu.”
(ELIAS RODRIGUES DE OLIVEIRA, mestre em Administração Rural).
“Anísio Santiago ia contra as teorias de marketing. Imagine um político ou um vendedor de bugigangas rejeitar aparecer na Rede Globo? Ele não ia atrás de ninguém, as pessoas o procuravam como em romaria, tinha uma personalidade imantada. Inverteu a lógica vulgar e fez um marketing sólido, mais sólido que a nossa moeda. Apesar de ser proibido cunhar dinheiro, que é monopólio do estado, cunhou a Havana, pagando com ela seus empregados e suas compras. Anísio Santiago conseguiu ser uma lenda em vida, mesmo em cidade do interior onde os comentários são quase sempre negativos. ‘Aquele é o Anísio da Havana’, diziam orgulhosos os da terra aos amigos de fora, quando Anísio passava. A marca que criou cresceu e virou fetiche, invertendo a lógica criador criatura, pois a Havana é que era dele, sua subordinada”.
(APOLO HERINGER LISBOA, escritor, médico e professor de medicina da UFMG).
"A Cachaça Havana-Anísio Santiago é uma referência nacional e internacional; é um modo de fazer; um estado de arte. Daí a razão da mesma ser considerada oficialmente “Patrimônio Cultural Imaterial” do município de Salinas, representando dessa forma todo o país. A Cachaça “HAVANA-Anísio Santiago” é um ícone; é um símbolo; é uma referência e ideal de perfeição que toda cachaça artesanal de qualidade aspira alcançar um dia."
(CLÁUDIO LUIZ GONÇALVES DE SOUZA, Mestre em Direito Empresarial, Professor Universitário, Escritor e Advogado da Cachaça Havana-Anísio Santiago).
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Refefência bibliográfica: