1 de maio de 2016

CORONEL IDALINO RIBEIRO

Cel. Idalino Ribeiro (1879-1973).
Por Roberto Carlos Morais Santiago


Coronel Idalino Ribeiro é um dos maiores personagens políticos da história de Salinas. Foi chefe político de fato e direito na região de Salinas por quase meio século. Pouco se sabe sobre sua pessoa. Há poucos registros. Poucos livros abordam sua trajetória política, como "Octacilíada: Uma Odisséia do Norte de Minas", de autoria de Abdênago Liboa, e "O Caminho de Volta - A travessia do Deserto", autoria de Geraldo Paulino Santana. São dois livros interessantes que o blog História de Salinas recomenda para quem deseja entender os meandros da política salinense no século XX.

Idalino Ribeiro, filho de João Nepomuceno e Benevinda Costa Ribeiro, nasceu em Salinas no dia 3 de maio de 1879, final do século XIX. Sua família é uma das pioneiras de Salinas com raízes em Rio Pardo de Minas. Em 11 de julho de 1904 se casou com Laudelina Chaves, filha única do rico fazendeiro e político José Chaves. Da união teve quatro filhos: Odete Chaves Ribeiro, José Chaves Ribeiro, Osmane Ribeiro e Severina Chaves Ribeiro.

Ainda jovem, com o apoio do deputado Edmundo Blum, que representava a região do Alto Rio Pardo, foi nomeado fiscal de impostos de consumo do Estado com salário de 120$000 réis e mais 5% da renda. A sua área de fiscalização era imensa alcançando os municípios de Salinas, Grão Mogol, Araçuaí, Pedra Azul, Jequitinhonha, até o Salto da Divisa. Ganhou, ainda, patente para negociar fumo. Em vida se firmou como pessoa influente, comerciante e político.

Foi chefe político em Salinas por quase meio século. De 1918 a 1930 foi Agente Executico (cargo equivalente a prefeito atual) que era ocupado pelo presidente da Câmara de Vereadores. De 1930 a 1959, impôs todos os prefeitos (nomeados ou eleitos) do município, quando seu candidato foi derrotado pelo sobrinho e emergente político emergente Geraldo Paulino Santanna. A partir daí entrou em dacadência política.

Em 1923, foi responsável pela construção e inauguração de ponte de madeira ligando o centro ao bairro São Geraldo. O construtor responsável foi o carpinteiro Viroti, de Jequitaí, que ganhava 15$000 por dia, muito dinheiro para a época.

Em 1928, com a chegada dos primeiros automóveis em Salinas, promoveu a construção da estrada de rodagem de Salinas a Brejo das Almas (atual Francisco Sá) ficando pronta em 1929. O governador Olegário Maciel Dias, de 1931 a 1933, refez a estrada, pagando o conto de réis por quilômetro com intuito de dar serviço para grande número de desempregados que estavam criando problemas para o Estado. O Coronel Idalino Ribeiro financiava a construção sendo reembolsado pelo Governo de Minas posteriormente.

Palacete especialmente construído em 1933 pelo Cel. Idalino Ribeiro
para receber o governador Benedito Valadares.
Em 1933, como forma de demonstração de poder e prestígio político construiu palacete residencial especialmente para receber o governador Benedito Valadares que veio participar da inauguração da reforma da estrada que liga Salinas a Brejo das Almas. Por muitos anos a política salinense foi articulada nas salas deste palacete.

No período em que esteve no poder, toda população de Salinas e região, diretamente ou indiretamente, era influenciada pelo Cel. Idalino Ribeiro. A sua palavra era derradeira e decisiva. Por respeito ou medo todos o reverenciavam. Existiam outros coronéis em Salinas de menor expressão em sua época como Bernadino Costa, Procópio Cardoso, Moysés Ladeia. É fato inconteste que o  Cel. Idalino Ribeiro estava acima de todos. Dizem que sua ascensão ao poder político em Salinas foi à força e contou com apoio de jagunços baianos e parte da elite local. 

Representou fielmente na região de Salinas o papel de chefe oligárquico numa época em que oligarquias familiares eram células importantes no xadrez político da República Velha no Brasil (1889-1930) e da era Getúlio Vargas (1930-1945).

Cel. Idalino Ribeiro faleceu em Belo Horizonte no dia 28 de outubro de 1973, aos noventa e quatro anos. Seguramente figura no rol dos homens mais importantes da história de Salinas.


Artur Mendes, Cel. Idalino Ribeiro, Dr. Anthero Ruas e Antônio Neves.
(Fonte da imagem: Abdênago Lisboa)

11 comentários:

Flávio Morais disse...

Dizem que o homem era forte mesmo!

Anônimo disse...

quem era o candidato que Geraldo Santana derrotou nesta eleição? Como estava a insastifação política com o coronel neste momento?

Anônimo disse...

Coronel Idalino era o chefe político de JK em toda a região.

Unknown disse...

Boa tarde, esse Antonio Neves, saberia me dizer melhor quem seria ele? parte da minha familia es de Salinas, Gonçalves das Neves...alguns usavam apenas o Neves...

Unknown disse...

No período de Ascenção do Coronel Idalino Ribeiro em Salinas eu ainda era criança e nao entendia nada de politica! Portanto não tenho muito que falar dele. Sei mais de seu filho Osmano Ribeiro e sua familia, do que do próprio Idalino Ribeiro. Lembro muito de Maninho, Rogério,Fabinho, Cristiano, Simone e Sandra seus netos! Essa é minha lembrança!!!

Unknown disse...

Foi muito resgatador ler sua história minha mãe tem 95 anos e sempre me falou do Coronel Idalino, meu avô trabalhou pra ele por volta de 1925 que foi quando minha mãe nasceu, meu avô trabalhava como uma espécie de correio.
Como minha mãe era muito pequena não tem muitas lembranças mas mostrei pra ela a foto do palacete e do próprio coronel e ela se lembrou, foi muito bom dar cara a historia.Obrigada por publicar.

Anônimo disse...

Meu bisavõ,pai de Odete Ribeiro,minha avó...

Anônimo disse...

Odete Ribeiro,mãe de josé Eduardo Ribeiro Rodrigues,meu pai,e,eu,Rodrigo Marques Rodrigues...

Anônimo disse...

A irmã do Cel Idalino se chamava Idalina,casada com meu tio avô,Nego do Ó,de Montes Claros,irmão de Manoel do Ó,Cristino do Ó,e Guilhermina do Ó(Vila Guilhermina tem seu nome) Ela era a caçula dos irmãos e casada com o famoso

Chiquinho Guimarães.

Anônimo disse...

Muito, muito legal conhecer nossa história.

Anônimo disse...

Quem foi Guilhermina de Jesus, rua em que eu nasci?
(Sou o Osvaldo Martins dos Santos, nascido e criado em Salinas; em Campinas a mais ou menos trinta anos onde exerço função no cargo público de Técnico Legislativo)