29 de novembro de 2009

Falsificação da cachaça Havana


Na década de 1970 tem-se registro da primeira onda de falsificação da cachaça mais famosa de Salinas: Havana, do produtor Anísio Santiago (1912-2002). A reportagem abaixo foi publicada no Diário de Montes Claros no dia 23 de março de 1976. Desde então, a famosa marca sempre foi objeto de falsificadores. Leia a reportagem na íntegra.
............

DERRAME DE HAVANA FALSIFICADA NA CIDADE

(Diário de Montes Claros, Montes Claros, 23 mar. 1976)


MONTES CLAROS - Numa ação conjunta das Secretarias da Fazenda e de Segurança Pública do Estado, através da Superintendência Regional da Fazenda e da Delegacia Regional de Segurança Pública de Montes Claros, foi descoberto um derrame de aguardentes falsas da marca “Havana” no comércio local. A Distribuidora de Bebidas Jóia Ltda., localizada à Rua Bário, 17, Bairro Edgar Pereira, foi fechada ontem pela polícia, tendo sido preso o seu sócio-gerente.

Outra fábrica clandestina de bebidas, localizada à Rua João Martins, 234, Vila Guilhermina, também foi fechada ontem. Enorme quantidade de material empregado no fabrico de bebidas foi apreendido e levado para a Superintendência Regional da Fazenda, além de ter sido preso o químico prático Clóvis Alves de Albuquerque.

Enquanto o chefe da Divisão de Fiscalização e Tributação da Superintendência, Sr. Marcius da Anunciação Dias anunciava na manhã de hoje que as investigações para se chegar a novas fábricas clandestinas de bebidas continuavam, podendo aparecer novos dados até amanhã, o delegado da comarca, Sr. Paulo Emílio Viana, tomava todas as medidas para ouvir os envolvidos ainda hoje. O delegado regional de Montes Claros, Sr. Lindolfo de Almeida, responsável no dia de ontem por toda a ação policial, passou o caso para o delegado da comarca, que deveria instaurar o inquérito desde o ano passado.

Em agosto do ano passado, a Superintendência Regional da Fazenda recebeu denúncias de Anísio Santiago, fabricante da aguardente “Havana” e de Valdete Romualdo da Silva, fabricante de “Indaiazinha”, cuja representação somente foi efetivada em 25 de dezembro último, através do protocolo da denúncia na repartição. A mesma representação foi encaminhada a Polícia Federal, nesta cidade.

Nas denúncias formuladas, Anísio Santiago revelou que há mais de cinco anos não distribuía a cachaça “Havana” em Montes Claros, o que era feito apenas em Salinas. Apesar disso, o fabricante “ficou alarmado com a enorme quantidade de aguardente existente no comércio local (Montes Claros), muito superior à própria produção” – conforme disse na representação.

As investigações, que vinham sendo feitas desde agosto, tiveram seu desfecho ontem, quando a Superintendência solicitou ajuda do delegado regional para dar golpe final nos falsificadores. As fábricas clandestinas das ruas Bário e João Martins foram fechadas e seus proprietários presos.

O maior distribuidor de aguardentes falsas da marca “Havana” na cidade, Pedro Pereira da Silva, residente em um quarto localizado nas dependências do Estádio João Rebello (campo do Ateneu), também foi preso ontem, por volta do meio dia.

Na Distribuidora de Bebidas Jóia, foram apreendidos rótulos falsificados de “Havana”; três clichês que eram empregados para falsificar rótulos de “Havana”; e carimbos de selagem (linhas de linotipo). O distribuidor Pedro Pedreira da Silva trabalhava para essa fábrica.

Apreensão de aguardentes

Durante todo o dia de hoje, fiscais da Superintendência Regional da Fazenda estavam percorrendo casas comerciais e clubes da cidade, apreendendo aguardentes falsas de “Havana”, sendo que somente na parte da manhã foram apreendidas 14 garrafas com o comerciante José Egídio de Azevedo Neto; 40 garrafas na Cerealista Clarete Carvalho Ltda.; 08 garrafas no Automóvel Clube; 07 garrafas com Geraldo José da Costa; e 28 garrafas com Bartolomeu Aleixo de Carvalho.

Nenhum comentário: