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Rua Raul Soares, região central de Salinas, década de 1980. Ao fundo o novo mercado recém construído. |
31 de julho de 2011
RUA RAUL SOARES
26 de julho de 2011
Tributo à Salinas
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Manoel Alves dos Anjos. |
Nasceu em Salinas no dia 15 de dezembro de 1939, na primeira metade do século XX. É filho de João Pedro de Bessa (in memmorian) e Teodomira Alves de Jesus. Quando jovem foi professor em uma escola pública em Salinas. Nos momentos de lazer, foi um bom “tocador” de viola. Seguindo os passos de milhares de salinenses em busca de uma vida melhor, em 1969 se mudou para São Paulo para nunca mais voltar. Casou e constituiu família. Após 42 anos de ausência, desconfiado de que não teria outra oportunidade de rever sua amada terra fez belíssimo poema em homenagem à Salinas. Parafraseando o escritor salinense Danilo Borges, quem deixa Salinas esquece sua alma na amada terra. O poema do Sr. Manoel está aí para confirmar a tese. Boa leitura!
**********
Lembranças de minha querida Salinas
(Manoel Alves dos Anjos)
Sou filho do Norte de Minas Gerais, a terra do ouro e dos cafezais, oh Minas querida você é demais, és rica em ferro e outros metais, seus rios e campos e coqueirais, são coisas da infância que não voltam mais!
Eu me lembro à casinha onde eu morava, os amigos de infância com quem brincava a primeira escolinha onde eu estudava minha professora que eu tanto adorava.
Depois fui crescendo na zona rural, brincando na areia do rio bananal, à água branquinha parecia cristal, os pássaros cantando como se fosse um recital.
Eu amava tanto aquele lugar que nem percebia o tempo passar, se eu pudesse fazer o tempo parar, de novo eu queria recomeçar...
Às vezes o destino, é cheio de maldade, às coisas da infância transformam em saudade, a lembrança de tudo dói mais com a idade, principalmente distante da realidade...
Eu nunca esqueço o povo mineiro, pois é um povo hospitaleiro, você almoça e janta não precisa dinheiro, ali está o exemplo do bom brasileiro!
O doce de leite, o queijo mineiro, se tornara conhecido até no estrangeiro, quem que não gosta do feijão tropeiro, do requeijão, e do bolo caseiro?..
Ai que saudade da terra querida, onde á alegria faz parte da vida, eu sinto saudade até da comida, a carne de sol, rapadura e batida...
A terra querida, onde nascemos, é algo na vida, que nunca esquecemos, foi ali que nascemos, e ali crescemos, os bons momentos que lá vivemos os amigos de infância jamais esquecemos...
Eu sinto saudade daqueles amigos, que há muito tempo, ali eu deixei, o tempo passa não volta mais, mas com saudade eu te lembrarei da minha casinha e dos meus amigos e da mocidade que ali passei.
Eu montava a cavalo, e ali passeava das festas juninas, é que gostava, em todas as festas em que chegava, a namoradinha ali já estava, minha prenda querida que tanto adorava, a noite inteira, com ela eu dançava.
Adeus Salinas, terra onde nasci, minha linda cidade onde vivi, suas praças e ruas eu não esqueci, tudo isto é saudade que eu sinto de ti.
Hoje estou vivendo aqui bem distante, do meu recanto, eu recordarei, quando a saudade afoga o meu peito, não tem outro jeito, eu te lembrarei e você Salinas querida, no meu coração te guardarei.
Ó Salinas querida, eu quero dizer que esta homenagem eu fiz prá você e nunca na vida vou esquecer, esse berço adorado que me viu nascer.
3 de julho de 2011
Falece produtor da cachaça Teixeirinha
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A cachaça Teixeirinha, do produtor Felismino Teixeira Costa, foi produzida em Salinas na década de 1970. |
Faleceu em Montes Claros, dia 29 de junho de 2011, aos 79 anos, o produtor da antiga cachaça Teixeirinha, Felismino Teixeira Costa. Natural de Salinas, nasceu no dia 23 de abril de 1932, filho de Paulo Teixeira Costa e Josefa Maria do Rosário. Separado de Carlota Auxiliadora Brito, deixou os filhos Felismino Teixeira Costa Filho, Geraldo Cesar Costa, Maria Auxiliadora Costa, e Paulo Raimundo Costa. Foi enterrado no cemitério municipal de Salinas no dia 30 de junho de 2011.
O blog História de Salinas externa condolências à família pela enorme perda.
19 de junho de 2011
Cachaça Havana retorna para família de Anísio Santiago
Por Roberto Carlos Morais Santiago
Justiça seja feita! Em ato histórico a justiça federal por meio do juiz da 8ª. Vara Federal em Belo Horizonte, Dr. Renato Martins Prates, proferiu sentença favorável, publicada no Diário Oficial da União, de 07/06/2011, restabelecendo direito de uso da marca Havana ao produtor de cachaça Indústria e Comércio de Aguardente Menago (Havana) Ltda. que pertence a família de Anísio Santiago (1912-2002). Trata-se de decisão histórica uma vez que a disputa judicial pela marca Havana tinha como oponente a empresa multinacional Havana Club Holding produtora do rum Havana Club que pertence ao grupo francês Pernot Ricad, um dos maiores produtores de bebidas do mundo. A família de Anísio Santiago já vinha comercializando a cachaça como o nome Havana desde 2005, por meio de liminar concedida pela justiça estadual expedida pelo juiz da Comarca de Salinas, Dr. Evando Cangussu Melo. Desde então a disputa pela marca Havana foi parar na justiça federal que culminou em setença favorável aos herdeiros de Anísio Santiago, embora ainda caiba recurso.
A cachaça Havana é pioneira em Salinas. Surgiu em 1946 com o produtor Anísio Santiago, primeiro produtor de cachaça de Salinas a formalizar a produção de cachaça com a marca Havana, constituindo-se, desde então, na mais famosa marca de cachaça artesanal brasileira em face de sua qualidade e notoriedade. Tornou-se produto lendário no mercado de bebidas no Brasil.
Osvaldo Santiago exalta eufórico a conquista do direito de reaver a marca Havana em caráter definitivo. O sucessor de Anísio Santiago diz que “A marca Havana é um patrimônio econômico e cultural da família que luta para manter a tradição do patriarca Anísio Santiago. Temos um pacto de família em manter inalterado o processo de produção e comercialização da cachaça produzida na fazenda Havana que vem desde a época do meu pai.”
Em face do imblóglio da marca Havana, desde 2001 a marca Havana também é comercializada sob a marca Anísio Santiago. Agora, a família de Anísio Santiago possui duas marcas dignas representantes da mais genuína bebida basileira: a cachaça.
O jornal Estado de Minas traz reportagem do jornalista Luiz Ribeiro contando a saga da família de Anísio Santiago para reaver a marca Havana em definitivo. Também o jornal O Tempo traz interessante reportagm da jornalista Helenice Laguardia abordando o assunto. Vale conferir.
18 de junho de 2011
Literatura da região de Salinas
Acabo de ler o interessantíssimo livro "Corografia do Município do Rio Pardo", de autoria de Antonino da Silva Neves, lançado pelo Arquivo Público Mineiro em 1908, relançado em 2008, comemorando o centenário da edição original do livro.
Trata-se de livro que aborda a história, cultura, relevo, povoamento e geografia da região do Alto Rio Pardo (atual microrregião de Salinas) até o início do século XX.
O livro é pouco conhecido do público. Com o relançamento bem que poderia ser distribuído em bibliotecas municipais e estaduais dos municípios da região com intuito de levar ao público jovem informações históricas e culturais.
O autor Antonino da Silva Neves foi pessoa de cultura refinada. Natural de Lençóis do Rio Verde (atual município de Espinosa) morou em vários países (Egito, Grécia, Índia, Japão, México, Turquia). Faleceu em Calcutá (Índia) a 31 de março de 1928, onde está sepultado. Seguramente foi um dos homens mais inteligentes da região norte-mineira.
Trata-se de livro que aborda a história, cultura, relevo, povoamento e geografia da região do Alto Rio Pardo (atual microrregião de Salinas) até o início do século XX.
O livro é pouco conhecido do público. Com o relançamento bem que poderia ser distribuído em bibliotecas municipais e estaduais dos municípios da região com intuito de levar ao público jovem informações históricas e culturais.
O autor Antonino da Silva Neves foi pessoa de cultura refinada. Natural de Lençóis do Rio Verde (atual município de Espinosa) morou em vários países (Egito, Grécia, Índia, Japão, México, Turquia). Faleceu em Calcutá (Índia) a 31 de março de 1928, onde está sepultado. Seguramente foi um dos homens mais inteligentes da região norte-mineira.
14 de junho de 2011
Centro antigo de Salinas
13 de junho de 2011
Leitor elogia blog História de Salinas
Caro leitor, abaixo mensagem de elogio ao blog História de Salinas enviada pelo salinense Eduardo Duarte e Araújo, graduando em Comunicação Social (Relações Públicas) no Centro Universitário Newton Paiva, em Belo Horizonte:
__________
Caro Roberto Santiago,
É com grande prazer e admiração que escrevo este e-mail felicitando-lhe e me sentindo feliz, também, por saber que Salinas conta com um blog tão rico quanto o seu. Antes, devo me apresentar: me chamo Eduardo, tenho 22 anos e sou salinense, embora hoje more em Belo Horizonte, onde curso Comunicação Social (habilitação em Relações Públicas) pelo Centro Universitário Newton Paiva.
Por ter apenas 22 anos, sinto uma carência em informações sobre os tempos mais antigos da nossa cidade, uma vez que as próprias informações disponíveis por lá são de difícil acesso. Sempre busquei saber um pouco mais sobre a história política e econômica de nossa Salinas e sentia uma lacuna muito grande em termos de acesso a informação. Lacuna esta que veio a ser preenchida por seu blog e seus textos, que além de muito ricos em detalhes, são também bem escritos e organizados. Eu, enquanto graduando em comunicação, sempre tive interesse em blogs e sites, assim como tenho interesse em escrever, algo que faço com frequência, embora em outro viés, o esportivo, com três blogs ao qual colaboro.
Deixo meus votos para que siga trilhando este caminho e nos brindando com a história de Salinas, tão arraigada à própria história de sua família.
Ao ler os textos do seu blog, fico imaginando porque nas nossas escolas municipais não podemos ter uma matéria sobre a história de Salinas? Seria de grande mais-valia para a formação de nossos cidadãos o conhecimento acerca da história de nosso município, pois um povo que conhece e valoriza sua história é um povo que tende a andar pra frente, respeitando o passado e construindo um futuro melhor, algo que espero para Salinas.
Meu cumprimentos,
Eduardo Duarte e Araújo
11 de junho de 2011
Blog História de Salinas fazendo sucesso
Para minha surpresa e alegria deparei com um texto do jornalista José Prates, 84 anos, no site montesclaros.com comentando meus textos sobre a história de Salinas e região. Serve de estímulo para continuar escrevendo, pesquisando, enfim, procurando trazer à tona o passado de Salinas que é digno de registro. Eis o texto que merece ser lido:
A história de Salinas, segundo Roberto Carlos Santiago José Prates Chegou-me um e-mail enviado por Roberto Carlos Morais Santiago que me conta um pedaço da história de Salinas, uma pequena cidade do Norte de Minas, perto de Montes Claros, cujo Prefeito Municipal é nosso xará, o que nos honra. Não conheço a cidade, nunca fui até lá, mas, conhecia a sua influência nas atividades comerciais e agrícolas, como, também, política nas cidades em torno, algumas desmembradas da própria Salinas e depois emancipadas, como foi o caso de Taiobeiras. Roberto Carlos fala no Coronel Paulino Santana, cuja influencia política eu suponho ter conhecido quando militava no jornalismo montesclarense em 1953. Lembro-me que nessa ocasião entrevistei um político salinense de grande influencia que se encontrava em Montes Claros. Estávamos à véspera da candidatura Juscelino a Presidência da Republica e esse político salinense tinha encontro marcado com os políticos montesclarenses para conchavos que incluíam pedidos ao dr. Juscelino, então Governador de Minas. Estavam organizando uma comissão de políticos locais para ir a Belo Horizonte, com essa finalidade. O que achei interessante e que me trouxeram saudades pela lembrança de minha terra, cidade pequena, encravada no sertão baiano, foram as fotografias do casario. Parece que são cópias de uma cidade para outra porque se nos apresentam iguais na beleza poética e no romantismo que empresta ao lugar. A Praça do Mercado que não chamávamos de Praça, mas, simplesmente, o Largo do Mercado; o largo da Igreja; o largo da Camara e outros largos que se tornaram Praças com direito a nomes de vultos da historia do lugar. Foto linda, linda, mostrando casas baixas, “pegadas” uma na outra, caiadas de branco e muitas janelas com vidraças bem desenhadas. O velho Mercado está lá esperando o sábado para abrigar os feirantes que vêm de longe com os burros arcados sob o peso das bruacas cheias de mercadorias para venda. Outra foto mostra um pátio do mercado lotado de feirantes e compradores indo de barraca em barraca. É o passado lindo e inocente. Hoje não existe mais isso porque o supermercado chegou e fechou a ”feira” que o “povo da roça” fazia, trazendo seus produtos no lombo dos animais. Hoje, em nossos dias, o que resta daquele tempo de sonhos e poesia com as cidades mais parecendo cidades de presépio, em telas gigantes, são as lembranças que não se apagam nos que nasceram e viveram nesse ambiente de sonhos. Restam-nos escritores como Roberto Carlos que buscam o passado, esmiuçando cada pedaço da história que alegrou nossos antepassados. Vai-nos contando a saga dos que com seu trabalho e dinamismo, fizeram a historia que mostra aos jovens de hoje que, naquele tempo, com algumas exceções, a política partidária era feita visando o interesse social, o bem da comunidade. __________ (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores) |
25 de maio de 2011
Arlindo Santiago, 102 anos de vida!
Arlindo Santiago. |
Por Roberto Carlos Morais Santiago
Existem pessoas que nascem para viver muito. Parecem que são eternas. O tempo passa e teimam em seguirem vivendo até quando Deus permitir. O meu tio-avô Arlindo Santiago é uma delas. Com 102 anos de vida, nasceu numa terça-feira de 25 de março de 1909, na fazenda Bonfim, zona rural de Salinas, próximo ao povoado de Lagoinha.
É filho de José Santiago (1873-1944) e Virgínia Santiago (1882-1965), patriarcas da família Santiago em Salinas. É irmão do meu avô Anísio Santiago (1912-2002), o produtor da famosa cachaça Havana. De uma família de doze irmãos, vivos somente ele e sua irmã Osvaldina Santiago de Abreu, 94 anos, que mora em uma pequena cidade no interior da Flórida, Estados Unidos.
Tio Arlindo ainda mora na fazenda Bonfim, atualmente de sua propriedade, que foi adquirida pelo seu pai em 1903, ou seja 108 anos atrás. Outro dia fiz uma visita e todo alegre esticou uma prosa. Foi logo perguntando:
- Carlos, você fala inglês?
- Não tio, não falo! - Respondi.
- Sinto falta de alguém para praticar a língua inglesa. As minhas vistas estão cansadas para ler. O jeito é praticar falando mesmo. Mesmo assim tá difícil - Fala resignado.
Puxei assunto para os seus livros. Possui muitos guardados, em sua maioria adquiridos pelo seu pai, meu bisavô. Pergunto:
- Tio, soube que possui muitos livros. Poderia me mostrar?
- Uai Carlos, não sabia que gostava de livros antigos. Vem cá e lhe mostro - Responde levantando.
Com dificuldade caminha lentamente para um quarto ao lado da sala. O acompanho com a curiosidade de um adolescente. Ao adentrar me espanto com grande quantidade de livros antigos, alguns da época do império. Estavam amontoados em caixas e uns poucos jogados no chão. O primeiro livro que peguei foi um sobre o Código Civil Brasileiro de 1916 em bom estado de conservação. A quantidade de livros impressiona. São livros de literatura francesa, inglesa, medicina, direito, agrimensura, enfim, livros de todos os tipos.
Proseando, tio Arlindo diz que a maioria foi adquirida pelo seu pai que sempre gostou de livros.
- O meu pai era pessoa culta para os padrões da época. Nascido em Diamantina estudou medicina por dois anos em Salvador, na Bahia. - Fala olhando fixamente para algum ponto tentando relembrar fatos tão distantes.
- Ele desistiu do curso por causa da guerra de Canudos. Por isso retornou para Minas, na cidade de Medina, onde ficou dois anos e casou-se. Em 1898 mudou-se em definitivo para Salinas - Confidencia olhando fixamente para mim.
Tio Arlindo sempre morou na fazenda onde nasceu. Estudou no povoado de Lagoinha. Na década de 1920 fez curso de madureza (equivalente ao ginasial) na cidade de Araçuaí, distante mais de cem quilômetros de Salinas. Naquele tempo não existia automóvel. O percurso era feito em montaria de cavalo com amigos que também estudavam lá. Segundo ele a vida naquela época era difícil para todos, mas eram felizes. Por muitos anos foi professor e dono de um armazém no povoado de Lagoinha. Atualmente está aposentado. Casou duas vezes e teve mais de dez filhos.
Percebe-se em suas conversas que é de outro mundo, de outra época. Fala com riqueza de detalhes como foi o povoamento da região de Salinas no século XIX e início do século XX, dos donos das primeiras fazendas, dos migrantes da Bahia que sempre aportavam na região em busca de um bom lugar para viver, longe da seca do sertão baiano.
A visita ao tio Arlindo foi muito proveitosa. Fui presenteado com alguns livros antigos que guardo com carinho em minha residência. Não dou nem empresto a ninguém. Afinal, fui agraciado com um Código Civil de 1918, um dicionário de língua alemã do século XIX, um livro de agrimensura de 1907, um livro de gramática francesa de 1952, um livro de literatura francesa de 1899 intitulado “Chateabriand”, um livro de discursos de 1893 e um dicionário de português-francês de 1869. Esse dicionário é interessante, pois foi comprado pelo meu bisavô José Santiago por 19.200 réis. Aliás, todos os livros foram comprador pelo meu bisavô, exceto o de gramática francesa de 1952, este adquirido pelo próprio tio Arlindo.
Nem precisa dizer que os livros são interessantíssimos. Mas, tem mais. Na maioria dos livros consta inúmeras anotações, recados, cartões, cartas e algumas notas antigas de dinheiro. Foi numa dessas anotações que descobri a data de nascimento e casamento do meu bisavô José Santiago. Uma informação valiosa contida em livros que hoje são raros pela sua antiguidade.
Ah, tio Arlindo. Os seus 102 anos de vida representam um estilo de vida rural que vem sendo apagado pela modernidade que nos escraviza no tempo e no espaço. Feliz é o senhor que vive serenamente, que mineiramente aprecia o cotidiano, que observa a vida passar diante de seu olhar mais que centenário.
Tio Arlindo, diante de tudo isso somente posso agradecer pela bela pessoa que é e lhe desejar ainda muitos anos de vida.
17 de maio de 2011
Rótulos antigos de cachaça de Salinas
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Rótulos de cachaça, expressão da cultura da região de Salinas. |
Salinas possui atualmente mais de 60 marcas de cachaça registradas no município e outras dezenas em municípios vizinhos. O atual status da cachaça de Salinas no mercado brasileiro deve-se às marcas pioneiras como Havana, Piragibana, Indaiazinha, Asa Branca, Canarinha, dentre outras. Poucas ainda estão no mercado e se tornaram marcas ícones da legítima cachaça de Salinas. A mais emblemática marca que permanece fiel às suas origens é a famosa Havana, produzida desde 1943, reconhecida Patrimônio Cultural Imaterial de Salinas em 2006, fato inédito no Brasil. Os rótulos antigos acima expressam a mais importante cultura da região de Salinas que lhe tem dado projeção nacional e internacional: a cachaça. |
13 de maio de 2011
Lei Áurea faz 123 anos
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Lei Imperial nº. 3.353, de 13/05/1888, assinada por Isabel, princesa do Brasil. |
Sabe-se que havia muitos escravos no município de Salinas e região até 1888, final do século XIX. Com suor, sangue e lágrimas os escravos de Salinas deram sua contribuição no processo de formação territorial e do povoamento da região. A contribuição dos negros em Salinas é visível, basta observar as pessoas, os costumes, a cultura, a miscigenação.
Pouca gente sabe, mas a lei que libertou formalmente os escravos faz, hoje, 123 anos. Trata-se da Lei Áurea (Lei Imperial n.º 3.353), sancionada em 13 de maio de 1888, que extinguiu a escravidão no Brasil. Foi precedida pela lei n.º 2.040 (Lei do Ventre Livre), de 28 de setembro de 1871, que libertou todas as crianças nascidas de pais escravos, e pela lei n.º 3.270 (Lei Saraiva-Cotejipe), de 28 de setembro de 1885, que regulava "a extinção gradual do elemento servil".
Pouca gente sabe, mas a lei que libertou formalmente os escravos faz, hoje, 123 anos. Trata-se da Lei Áurea (Lei Imperial n.º 3.353), sancionada em 13 de maio de 1888, que extinguiu a escravidão no Brasil. Foi precedida pela lei n.º 2.040 (Lei do Ventre Livre), de 28 de setembro de 1871, que libertou todas as crianças nascidas de pais escravos, e pela lei n.º 3.270 (Lei Saraiva-Cotejipe), de 28 de setembro de 1885, que regulava "a extinção gradual do elemento servil".
Foi assinada por Dona Isabel, princesa imperial do Brasil, e pelo ministro da Agricultura da época, conselheiro Rodrigo Augusto da Silva. O Conselheiro Rodrigo Silva fazia parte do Gabinete de Ministros presidido por João Alfredo Correia de Oliveira, do Partido Conservador e chamado de "Gabinete de 10 de março". Dona Isabel sancionou a Lei Áurea, na sua terceira e última regência, estando o Imperador D. Pedro II do Brasil em viagem ao exterior.
O projeto de lei que extinguia a escravidão no Brasil foi apresentado à Câmara Geral, atual Câmara do Deputados, pelo ministro Rodrigo Augusto da Silva, no dia 8 de Maio de 1888. Foi votado e aprovado nos dias 9 e 10 de maio de 1888, na Câmara Geral.[2]
A Lei Áurea foi apresentada formalmente ao Senado Imperial pelo ministro Rodrigo A. da Silva no dia 11 de Maio. Foi debatida nas sessões dos dias 11, 12 e 13 de maio. Foi votada e aprovada, em primeira votação no dia 12 de maio. Foi votada e aprovada em definitivo, um pouco antes das treze horas, no dia 13 de maio de 1888, e, no mesmo dia, levado à sanção da Princesa Regente.
Foi assinada no Paço Imperial por Dona Isabel e pelo ministro Rodrigo Augusto da Silva às três horas da tarde do dia 13 de maio de 1888.
O processo de abolição da escravatura no Brasil foi gradual e começou com a Lei Eusébio de Queirós de 1850, seguida pela Lei do Ventre Livre de 1871, a Lei dos Sexagenários de 1885 e finalizada pela Lei Áurea em 1888.
O Brasil foi o último país independente do continente americano a abolir completamente a escravatura. O último país do mundo a abolir a escravidão foi a Mauritânia, somente em 9 de novembro de 1981, pelo decreto n.º 81.234.
7 de maio de 2011
Mercado velho de Salinas
Mercado velho de Salinas em 1978. (Foto: Abdênago Lisboa) |
O Mercado velho de Salinas foi construído e inaugurado em 1910 no mandato de Virgílio Avelino Grão Mogol, então presidente da Câmara de Vereadores e Agente Executivo (cargo equivalente ao de prefeito atual). Aos sábados, a população do município e região se aglomerava para comercializar produtos da terra. Não existe mais. No local foi construída uma praça que não tem o glamour do antigo mercado. A imagem acima é apenas uma lembrança do passado.
14 de fevereiro de 2011
Disputa pela marca "Havana" completa dez anos
Patrimônio Cultural Imaterial de Salinas. |
Por Roberto Carlos Morais Santiago
O litígio entre a família de Anísio Santiago (1912-2002), produtora da principal marca de cachaça de Salinas - a "Havana" - e o fabricante do rum Havana Club, que pertence ao grupo francês Pernot Ricad, um dos maiores produtores de bebidas do mundo, completa uma década sem solução.
Desde 2001 a família de Anísio Santiago tenta reaver de forma definitiva a marca "Havana" que é reconhecida como uma das principais marcas de cachaça artesanal brasileira. Os herdeiros de Anísio Santiago comercializam a marca "Havana" por meio de liminar concedida pelo Juízo da Comarca de Salinas confirmada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) desde 2005. Atualmente o litígio está na 8ª. Vara Federal em Belo Horizonte, sendo réu do processo a empresa Havana Club Holding e o Instituto Nacional de Propriedade Nacional (Inpi). O processo encontra-se em fase de sentença.
Osvaldo Santiago, sucessor de Anísio Santiago na produção da cachaça Havana/Anísio Santiago. |
A disputa da marca "Havana" é exemplo clássico da omissão do poder público brasileiro em não proteger o produto cultural brasileiro. A cachaça é um produto genuinamente brasileiro produzido desde o século XVI - no período colonial - mas, ainda não recebeu a devida valorização que merece, infelizmente. Ao longo das últimas décadas, a cachaça Havana - que também é comercializada como "Anísio Santiago" em razão desse imbróglio - tornou-se marca ícone da legítima cachaça artesanal brasileira.
Em agosto de 2009, a cachaça Havana/Anísio Santiago foi eleita pela conceituada revista "Playboy" (edição nº. 411) como a melhor cachaça artesanal brasileira. Poucos meses depois, em fevereiro de 2010, a marca novamente foi eleita em primeiro lugar no ranking de cachaça da também conceituada revista "Veja" (edição nº. 2.152, de 17/02/2010).
O jornal Correio do Estado traz interessante reportagem onde aborda a dificuldade em reaver a marca "Havana" para quem de direito: a família de Anísio Santiago. A marca "Havana" é ícone de Salinas - reconhecida em 2006 por Decreto Municipal nº. 3.728, assinado pelo prefeito José Antônio Prates - como patrimonial cultural imaterial do município.
4 de fevereiro de 2011
Presidente Dilma ganha cachaça Havana de presente
Relíquia da cachaça Havana
Futebol de Salinas
1 de fevereiro de 2011
João Costa, maior historiador de Salinas
28 de janeiro de 2011
Havana ganha primeiro ranking de cachaça da revista Playboy
4 de outubro de 2010
Milicianos de Salinas na Revolução de 1930
A foto histórica acima, de 31/04/1931, é uma lembrança da "Legião de Outubro" de Salinas
por ocasião da Revolução de 1930.
1ª. fila: João e Mendes;
2ª. fila: Adelaide Costa e Artur Loyola Pinto;
3ª. fila: Um viajante, Ubaldo Neves e Cristovam Rodrigues;
4ª. fila: Teófilo Siqueira, Epaminondas Costa, Eleutério e Ildeu Joaquim;
5ª. fila: José Henrique, Filomeno Crisóstemo, Eugenio Lisboa, Desli, Waler Costa e Oscar Soares;
6ª. fila: Sebastião Xavier do Ó, Caboclinho, Eliezer Ferraz, Oswaldo ladeia, Oscar Gandra, Davi Corsino e Octávio Magalhães;
7ª. fila: O menino João Costa (futuro historiador de Salinas).
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27 de setembro de 2010
Família Santiago fixa raízes no município de Santo Antônio de Salinas
José Santiago (1873-1944). |
1898 - Final do século XIX. Chega a Santo Antônio de Salinas, oriundo de Medina, José Santiago (1873-1944) e sua esposa Virgínia Celestina Santiago (1882-1965), para ser professor. Natural do município de Diamantina (MG), filho de Justino Santiago e Anna Maria de Jesus, ainda jovem, foi estudar medicina em Salvador, Bahia. Após dois anos desistiu do curso, não se sabendo o motivo.
Em 1896 retornou para Minas Gerais na cidade de Medina onde casou em 1896. Em 1898 chega ao município de Santo Antônio de Salinas. Dois anos depois, em 1900, sai da cidade de Salinas e muda-se para a zona rural do município no povoado de Lagoinha, distante 25 quilômetros, para também ser professor a convite de um amigo importante de Salinas.
O povoado de Lagoinha naquela época tinha posição estratégica na ligação entre Salinas e Montes Claros, pois a estrada passava ali, no que favoreceu o surgimento de aglomeração urbana era parada obrigatória de pessoas e tropas. Fixando raízes no povoado, logo comprou uma propriedade rural (Fazenda Bomfim), no ano de 1903.
Teve 12 filhos: Antônio Santiago (1897-1950), Maria Santiago (1899-1953), Leôncio Santiago (1901-1945), Silvio Santiago (1903-1986), Alzira Santiago (1905-1996), Santinha Santiago 1908-2001), Arlindo San tiago (1909), Anísio Santiago (1912-2002), José Elzito Santiago (1915-1945), Anita Santiago (1913-2008), Osvaldina de Abreu Santiago (1917) e Osvaldir Santiago (1919-2007). Todos os seus filhos nasceram em Salinas, exceto o primogênito que nasceu em Medina.
Foi espécie de líder no povoado, pois era muito culto (falava latim, espanhol, francês e inglês) e tinha conhecimentos sólidos de medicina, pois estudara em Salvador, embora não tenha concluído o curso. Como não havia médicos na região naquela época, ele era muito procurado pelas pessoas doentes. Na fazenda Bomfim, no povoado de Lagoinha, bastante conservados, há bastante livros adquiridos por José Santiago ainda na época do Império. Faleceu em 1944. É o patriarca da família Santiago em Salinas.
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